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Raíra Saloméa

Documento inédito reúne diretrizes científicas para restaurar as matas da bacia do Rio Doce

Orientações para projetos de restauração foram definidas com base em pesquisas desenvolvidas pela UFMG, UFES e Unimontes



Estudos realizados entre 2017 e 2023 foram base para a elaboração de um policy brief - um modelo de documento com orientações resumidas e diretas para orientar tomadores de decisão. O texto traz diretrizes para a restauração efetiva das matas ciliares ao longo do rio Doce, atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015.


Desde Mariana (MG) até a foz do Rio Doce, no Espírito Santo, os pesquisadores registraram informações durante seis anos sobre as áreas de referência -  trechos que contam com o maior grau de preservação possível nas proximidades das áreas a serem restauradas e servem de modelos para a restauração ambiental.


A restauração ecológica é um processo diferente da recuperação ou reflorestamento. Ela visa restabelecer o ecossistema em seu estado original, a fim de restaurar todas as funções que aquela área nativa desempenhava originalmente, como fornecimento de água, absorção de carbono, habitat para fauna, corredor ecológico, entre muitos outros. Para isso, a restauração depende do uso de espécies nativas. Por isso, é fundamental conhecer as características das espécies e do solo das áreas ainda preservadas. 


Foi identificado que apenas sete espécies vegetais ocorrem em todas as áreas do trecho estudado. Isso significa que em mais de 663 km de curso do rio, desde o epicentro do rompimento da barragem até o mar, as matas são formadas por espécies diferentes a cada trecho. Uma diversidade surpreendente até mesmo para os padrões do bioma Mata Atlântica, um dos mais biodiversos do país. Com isso, os autores reforçam a importância de levar em conta as diferentes composições das matas e a heterogeneidade de solos para a restauração:


"Não existe uma floresta homogênea ao longo de toda a bacia, mas, sim, muitas florestas, cada uma com conjuntos únicos de espécies e características próprias em cada local." 

Caso essas características não sejam consideradas nos processos de restauração, os cientistas alertam para o risco de homogeneização das matas - quando toda essa diversidade é substituída pelo plantio de poucas ou uma única espécie. O que pode ser ainda pior quando utilizam espécies que não fazem parte da Mata Atlântica, conhecidas como espécies exóticas, como é o caso da Leucena. 


Outro ponto abordado no documento é a necessidade de monitoramento das áreas restauradas e de preservação das áreas de referência, passos fundamentais para o sucesso da restauração ecológica, para a manutenção da segurança hídrica das cidades abastecidas pelo Rio Doce e para avanços no conhecimento biológico das áreas.



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