Novo comportamento das seriemas, ave sÃmbolo do Cerrado, é descrito por pesquisador do Centro em revista internacional
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As aves terrestres geralmente passam muito tempo forrageando no solo. Independentemente de saberem voar ou não, todas usam mais as pernas do que as asas, geralmente voando somente para escapar de predadores ou alcançar novas áreas intransitáveis ao nÃvel do solo.
É o caso da seriema (Cariama cristata), ave sÃmbolo do Cerrado, que come desde insetos até pequenos vertebrados no solo e pode atingir até 70 km/h antes de levantar voo se for perseguida.
Mas como essa ave imponente lida com a fadiga muscular nas pernas?
Nesta foto, observei algo inédito no comportamento dessas aves no Cerrado de Rio ParanaÃba, Minas Gerais, Brasil. Esse indivÃduo adulto, após uma longa caminhada em busca de alimento, subiu em um cupinzeiro, apoiou o pé direito sobre a perna esquerda, num encaixe perfeito, e permaneceu estático por cerca de 15 minutos, enquanto observava a paisagem antes de voltar à caça.
A observação invoca mais perguntas do que respostas: Essa postura permite que as aves distribuam seu peso sem exigir trabalho muscular na perna de apoio? Elas revezam as pernas? As seriemas gastam menos energia quando estão apoiadas em uma perna do que quando estão apoiadas em duas pernas, semelhante aos flamingos? Esse comportamento ajuda na regulação da temperatura corporal?
Os questionamentos foram publicados em uma nota na revista Frontiers in Ecology and the Environment e abrem novos entendimentos sobre a ecologia básica dessa espécie do Cerrado. Ficar em pé parece ser uma estratégia importante para a regulação energética dessas aves. Certamente, estudos ecofisiológicos e comportamentais podem nos ajudar a melhorar a nossa compreensão de interações semelhantes.