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Cresce o número de quedas de árvores e o risco só aumenta

Geraldo W. Fernandes

Árvores envelhecem, galhos apodrecem e essas condições variam conforme a espécie. Sem um plano sério de monitoramento e manejo, os problemas persistirão.



Texto original publicado em em.com.br

Com o período chuvoso, as cidades brasileiras enfrentam um aumento expressivo na queda de árvores, provocando prejuízos significativos ao patrimônio público e privado. Mais alarmante ainda, esses incidentes frequentemente resultam em mortes. Embora a intensificação desses acidentes nesta época do ano já não surpreenda, o agravamento da situação devido às mudanças climáticas é motivo de preocupação crescente.


Diante desse cenário, surge a pergunta: o que pode ser feito para minimizar esses riscos? A resposta reside na ciência e na adoção de políticas públicas eficazes. A solução envolve desde o aprofundamento do conhecimento sobre a biologia das espécies arbóreas até a eficiência da gestão dos órgãos responsáveis pela arborização urbana.


Sob a ótica ambiental, é essencial compreender a biologia e a história natural das espécies plantadas. A escolha indiscriminada de árvores, incluindo espécies florestais e exóticas como leucenas, neem e ficus, representa um erro crítico. Muitas dessas espécies podem se tornar invasoras ou não se adaptar ao ambiente urbano, intensificando os problemas. É urgente sanar essa falha com base em estudos científicos aprofundados.


Nem todas as árvores são adequadas para o contexto urbano. Algumas não resistem ao calor do asfalto ou aos ventos canalizados pelos prédios. Outras perdem a folhagem nos períodos críticos ou têm suas copas deformadas por podas inadequadas, comprometendo a sombra que deveriam oferecer. A escolha de espécies deve ser criteriosa e adaptada às condições específicas de cada local. Cabe à administração pública, em parceria com concessionárias de energia elétrica, definir quais espécies são apropriadas para diferentes áreas urbanas. Porém, é preciso de fato conhecer os atributos biológicos destas espécies ou o dano vai continuar.


Outro erro recorrente é a falta de monitoramento da saúde das árvores. Conhecer como essas espécies se comportam nas cidades, suas pragas, doenças, ciclos de vida e capacidade de adaptação ao estresse urbano é fundamental. Árvores envelhecem, galhos apodrecem e essas condições variam conforme a espécie. Sem um plano sério de monitoramento e manejo, os problemas persistirão.



Em Belo Horizonte, por exemplo, a arborização tem sido conduzida sem considerar fatores cruciais como redes de água e iluminação, largura das calçadas e até mesmo a opinião dos moradores. Um planejamento eficiente deve envolver a população na escolha das espécies, desde que essa seleção seja orientada por critérios científicos.


Embora listar espécies apropriadas e investir em tecnologia para monitoramento sejam passos iniciais, a complexidade do problema exige muito mais. É indispensável implantar programas de pesquisa sobre a biologia das árvores urbanas, a dinâmica dos estresses ambientais e estratégias de monitoramento contínuo. Parcerias multidisciplinares podem contribuir para uma gestão mais eficaz, garantindo que as árvores urbanas cumpram seu papel ecológico e social de forma sustentável.


Essa agenda precisa ser urgentemente retomada. Adiar essa discussão compromete não apenas a segurança da população, mas também o futuro das cidades que enfrentam desafios crescentes com o calor, a poluição e o estresse urbano.




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